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Túmulos remanescentes do Cemitério da Colina, sem identificação. Apenas mistério. Foto: Marcio do Nascimento

Cachoeiro e seus mistérios: o Cemitério da Colina

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Marcio do Nascimento Santana

Cemitério não é um lugar nada agradável, apesar do que alguns seletos grupos de adolescentes possam dizer por aí.

Mas, apesar de todos os pesares, sabia que existem cemitérios mundo afora que precisam ser conhecidos? Não porque eles não sejam sinônimos de morte, mas porque suas características são tão diferenciadas que merecem destaque, principalmente em Cachoeiro de Itapemirim.

Convido a vocês leitores a conhecerem o misterioso Cemitério da Colina.

Esse misterioso cemitério tem sua origem nos idos de 1918, com a fundação do Asilo Deus, Cristo e Caridade, nas terras do Sítio Santa Fé, uma obra praticamente secular no município e que já em 1922 funcionava a todo vapor, abrigando orfãos, idosos e enfermos acamados.

O asilo, com colaboradores e internos, chegava a um efetivo superior a 200 pessoas, e os gastos com a manutenção do local eram proporcionais ao seus problemas, principalmente com óbitos.

Os óbitos custavam uma soma considerável, além, é claro, de ser um problema de saúde pública.

Em julho de 1922, Jeronimo Ribeiro, importante educador português, fundador do asilo e um grande divulgador da doutrina espírita no Brasil, tomou uma providência, solicitando ao prefeito Antonio Fernandes de Medeiros uma autorização para construir um cemitério nas terras do Sitio Santa Fé.

Um comparativo: A foto acima é do cemitério no século passado. E a de baixo seria nos dias de hoje. Quase um século, e pouca coisa no relevo mudou. Fonte: foto antiga do livro Dossiê Jeronymo Ribeiro/foto atual: Marcio do Nascimento

E aproveito para registrar nesse relato que Jeronimo Ribeiro também era amigo do governador do Estado, Nestor Gomes, e por aceitar doentes mentais na sua instituição, conseguiu receber verbas estaduais. E assim uma vez autorizado pela municipalidade, o cemitério se ergueu em uma colina próxima ao asilo.

A petição foi feita junto à Câmara Municipal e, em 30 de agosto de 1922, a Lei 59, que concedia a autorização, foi sancionada.

Quatro meses depois, o Cemitério da Colina estava pronto. E o senhor Jeronimo Ribeiro foi nomeado, através do Decreto Municipal 47, de 22 de dezembro de 1922, zelador do cemitério.

Jeronimo Ribeiro conseguiu resolver um problema, além de construir um cemitério sem ônus para a prefeitura. Seu salário na época estima-se em 1.500,00 (mil e quinhentos réis), o equivalente a R$ 185 (cento e oitenta e cinco reais) nos dias de hoje.

Ele faleceu em 5 de outubro de 1926, aos 72 anos, com o titulo de Apóstolo do Bem, devido ao seu belíssimo trabalho em favor dos enfermos.

Hoje, o Sítio Santa Fé é parte do bairro São Geraldo e o asilo e seu cemitério se localizam próximos a Apae.

Infelizmente, o prédio encontra-se deteriorado pelo abandono e pelas marcas do tempo.

Os poucos túmulos que estão em pé, estão sem lápides com identificaçao ou qualquer nome, se tornaram testemunhas silenciosas de uma história marcada por dor, sofrimento, alegrias e também esperança por dias melhores. Havia também uma nascente no terreno, hoje infelizmente extinta.

O local fica isolado da sede do abrigo, e o terreno em um século de história não mudou muito. O acesso até o asilo é por veículo e do asilo até o cemitério é a pé.

O local ermo e cercado por matas, pasto e um cafezal nos fez nutrir um sentimento de respeito e nostalgia. Naquele momento do trabalho de campo, abrimos um diálogo imaginário com a História.

O asilo e o cemitério vistos do alto
O asilo nos dias atuais. Memórias em ruínas de tempos marcados por fé e esperança. Foto: Luciano Gomes Ferreira
Foto: Luciano Gomes Ferreira

Histórias assombradas

E os ecos dessas ruínas se materializam em relatos de pessoas do bairro, praticantes de caminhada, praticantes de hiking e também de mountain bike, e alguns poucos bravos que exploram o local, sobre avistamento de vultos que desaparecem, gritos e também luzes misteriosas à noite.

Alguns colhedores de café narram sons atípicos da mata como som de martelo, e também de crianças chorando. E, ainda? pessoas que se sentem mal por estar nas proximidades do cemitério.

Fenômenos que são um verdadeiro convite à imaginação. Se tais relatos são verdade? Cabe ao leitor julgar.

Valor cultural

O cemitério, embora desativado, possui o seu valor cultural, histórico e arqueológico. É um marco de heróis anônimos que dedicaram suas vidas para fazer de Cachoeiro uma cidade melhor e cuja história merece ser resgatada, respeitada e perpetuada para as gerações vindouras.

Mais registros arqueológicos
Foto: Marcio do Nascimento

A atmosfera misteriosa das ruínas só torna a história ainda mais fascinante. Meu pequeno Cachoeiro. Não tão pequeno assim.

Ao senhor Jeronimo, como era costumeiramente chamado pelo governador do Estado, fica nossa homenagem daquele que foi um grande filho de Cachoeiro de Itapemirim.E a voce leitor fica o convite a aventura e também a cultura.

Observação: O local do asilo e do cemitério é particular,pertence a Associaçao Espírita Jerônimo Ribeiro.O acesso a propriedade e somente com autorização dessa entidade.

Agradecimentos

Agradecimento a Deus, e também ao meu amigo e irmão Luciano Gomes Ferreira. E um agradecimento especial ao meu filho Gabriel que com muita garra e coragem participou dessa aventura arqueológica.Agradecimentos especiais a Associaçao Espirita Jerônimo Ribeiro

Convido os leitores a curtirem a galeria

 

Sobre o autor: Marcio do Nascimento é Historiador com formação em Arqueologia,montanhista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro.

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